Rotas de Memória: projeto fortalece turismo comunitário
Nos meses de outubro e novembro o Sesc São Paulo realiza no Vale do Ribeira o projeto Rotas de Memória e Turismo de Base Comunitária, uma ação que busca fortalecer o protagonismo e as identidades culturais das comunidades tradicionais do território, contribuir com a preservação do patrimônio cultural regional e fomentar a ampliação de alternativas sustentáveis de geração de renda na região.
Serão realizados cursos de formação, rodas de conversa, oficinas de cartografia da memória e bioconstrução, visitação a comunidades que integram roteiros turísticos, além de mapeamento de experiências, de práticas culturais tradicionais e de iniciativas de Turismo de Base Comunitária na região. As atividades são direcionadas a indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhos, caboclos, mestras e mestres da cultura, artesãs e artesãos, monitores ambientais, pessoas envolvidas nas áreas da cultura e da história regional, grupos ou coletivos já atuantes ou interessados em promover o turismo em suas localidades.
Como parte do “Sesc Raízes - Territórios de Memória e Patrimônio Cultural”, projeto nacional que articula ações diversas e singulares em cada estado do Brasil, a proposta que será realizada pelo Sesc Registro no Vale do Ribeira convida a processos educativos com foco nas territorialidades, a partir de valores afro-ameríndios, dialogando sobre patrimônio cultural, memória social, planejamento, produção, gestão e roteirização em Turismo de Base Comunitária. Estas ações foram concebidas a partir da demanda por maior visibilidade, valorização e qualificação do trabalho das comunidades no campo do turismo regional.
“Ao fortalecer a atuação em rede, em âmbito nacional, através do projeto Sesc Raízes, o Sesc busca reforçar a importância da salvaguarda e da preservação do patrimônio cultural como indutor da economia da cultura, cujos impactos são diretamente proporcionais, na geração de oportunidades de emprego e renda, movimentando o turismo cultural e o comércio; no reconhecimento, respeito e valorização da diversidade sociocultural brasileira; nas conexões e diálogos intergeracionais, interculturais e comunitários; e na democratização do acesso aos bens culturais pelo país”, destacam Ana Carolina Vieira e Ana Caroline Araújo, analistas da Gerência de Cultura do Departamento Nacional do Sesc.
Para o Sesc São Paulo, o Turismo de Base Comunitária propõe práticas enraizadas nos territórios, voltadas para a coletividade, com autogestão, geração de renda, valorização das referências culturais comunitárias e proteção de territórios e das culturas de povos originários, tradicionais e populações com identidades diversas que habitam cada região. Fomentar ações de formação neste campo é parte do reconhecimento da diversidade sociocultural brasileira, possibilitando o apoio ao fortalecimento de territórios e uma atuação educativa pelo turismo.
Turismo com e a partir das comunidades
Com uma das maiores áreas preservadas de Mata Atlântica do país e abrangendo o Complexo Estuarino Lagunar de Iguape-Cananéia-Paranaguá, o Vale do Ribeira é reconhecido como um importante Patrimônio Natural e Cultural do estado de São Paulo. Além da expressiva biodiversidade, possui uma alta diversidade cultural, devido às diferentes comunidades e povos tradicionais que habitam a região. Com suas tecnologias de construção e de produção, ligadas às manifestações culturais e às relações que mantêm com o ambiente e seus recursos, estas comunidades vêm contribuindo, ao longo de séculos, para manter vivo o imenso e precioso mosaico natural e cultural que compõe o território.
Praticado há décadas no Vale do Ribeira por comunidades como os Quilombos Ivaporunduva (Eldorado) e Mandira (Cananéia), além de grupos caiçaras da Ilha do Cardoso (Cananéia), o Turismo de Base Comunitária (TBC) tem se consolidado como uma estratégia de desenvolvimento territorial com participação direta das populações locais. Nesse modelo, as comunidades assumem a gestão das atividades turísticas, o que permite ao visitante acessar informações sobre os territórios, suas histórias e dinâmicas socioculturais. O projeto propõe ampliar os espaços de diálogo, formação e articulação entre comunidades e demais agentes do turismo regional, com o objetivo de fortalecer a organização local e apoiar a inserção de novos grupos na atividade de forma planejada.
Cursos na Fábrica de Cultura de Iguape e no Quilombo Ivaporunduva
Na programação destacam-se os cursos Territorialidades e Valores Afro-ameríndios: Desenvolvimento e Planejamento do Turismo de Base Comunitária no Vale do Ribeira, que acontecem na Fábrica de Cultura da cidade de Iguape e no Quilombo Ivaporunduva, em Eldorado.
Tendo como base valores como ancestralidade, coletividade, oralidade, espiritualidade, circularidade e integração com a natureza, a formação vai abordar os principais conceitos e práticas em torno do Turismo de Base Comunitária, incluindo a gestão de experiências turísticas, abordando etapas como produção, logística, hospitalidade, comercialização e comunicação. As formações serão ministradas por Cláudia Santos, turismóloga, doutoranda e mestra em Planejamento em Gestão do Território; e Alessandra Ribeiro, historiadora, mestra e doutora em Urbanismo. No Ivaporunduva, também serão feitas apresentações sobre o tema por lideranças da comunidade, pioneira no Turismo de Base Comunitária no Vale do Ribeira.
Encontros com mestres e mestras da região para mapeamento de experiências
Paralelamente aos cursos acontecem as visitas a comunidades e grupos dos municípios de Cananeia, Ilha Comprida, Iguape, Apiaí, Iporanga e Eldorado para realização de um mapeamento de experiências em turismo e práticas culturais tradicionais, envolvendo lideranças comunitárias, mestres e mestras, artesãos e artesãs e demais agentes da cadeia do turismo. O processo será sistematizado em um relatório, com a descrição do mapeamento bem como das potencialidades e desafios identificados.
O mapeamento terá a mediação do turismólogo Júnior dos Santos, especialista em Arqueologia Social Inclusiva e diretor do programa de Geração de Renda Familiar da Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri (Nova Olinda/Ceará) e da educadora caiçara, artista e guia de turismo Alyson da Costa, atuante há mais de 30 anos nas áreas de ecoturismo, culturas tradicionais e educação ambiental no Vale do Ribeira.
Oficinas de Cartografia de Memória e Bioconstrução no Quilombo São Pedro
No Quilombo São Pedro, em Eldorado, serão realizadas as oficinas Cartografia de Memória e Bioconstrução, destacando as experiências da comunidade no uso de técnicas construtivas com terra, madeira, palha e fibras naturais. Mestres e mestras locais que, ao longo de gerações vêm transmitindo seus saberes associados à bioconstrução, participam ao lado da arquiteta e professora do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) de Registro, Akemi Hijioka, que pesquisa e trabalha com construção sustentável e melhorias de técnicas construtivas com madeira e terra.
Partindo das demandas e experiências do quilombo e após o diálogo sobre as vantagens, desafios e potenciais de cada técnica tradicional - como adobe, taipa de mão e pau-a-pique - os participantes vão definir o formato e a técnica a ser empregada para elaborar, em conjunto, uma proposta arquitetônica de um espaço que promova a valorização da memória social da comunidade, seguindo os princípios da bioconstrução e do design ecológico. No encerramento das oficinas, o projeto coletivo da futura casa ou espaço de memória do quilombo São Pedro será apresentado em forma de uma maquete, criada pelos participantes junto com um plano básico de continuidade e de mobilização de recursos para viabilizar a construção do novo espaço.
Projeto Rotas de Memória e Turismo de Base Comunitária no Vale do Ribeira
Realização: Sesc São Paulo
Apoio: Fábrica de Cultura 4.0 de Iguape e comunidades dos Quilombos Ivaporunduva e São Pedro
Ações:
• Curso: “Territorialidades e Valores Afro-ameríndios: Desenvolvimento e Planejamento do Turismo de Base Comunitária no Vale do Ribeira”
Local: Fábrica de Cultura (Iguape): dias 04 e 05/10 e 11 e 12/10
Local: Quilombo Ivaporunduva (Eldorado): dias 18 e 19/10 e 01 e 02/11
• Diagnóstico Participativo
Roteiro Cananéia, Ilha Comprida e Iguape: de 06 a 15/10
Roteiro Apiaí, Iporanga e Eldorado: de 17 a 24/11
• Oficinas Cartografia de Memória e Bioconstrução
Local: Quilombo São Pedro (Eldorado): dias 08 e 09/11; 15 e 16/11 e 29 e 30/11.
• Ações gratuitas e voltadas a indígenas, quilombolas, caiçaras, ribeirinhos, mestras e mestres da cultura, artesãs e artesãos, monitores ambientais, pessoas envolvidas nas áreas da cultura e da história regional.
Mais informações em: sescsp.org.br/registro
Fonte: Portal da Cidade Registro




















